sábado, 7 de março de 2009

A identidade da universidade católica


O papa João Paulo II afirma na introdução da constituição apostólica Universidades Católicas, que a tarefa da universidade católica é “unificar existencialmente, no trabalho intelectual, duas ordens de realidade que, não raro, tendem a opor, como se fossem antitéticas; a investigação da verdade e a certeza de conhecer, já, a fonte de verdade”. A partir desta afirmação papal, e tomando como base as informações apresentadas no decorrer de todo o documento, principalmente as informações presentes na primeira parte do mesmo, podemos traçar um ínfimo perfil da identidade da universidade católica.
A universidade católica, enquanto universidade, possui, como qualquer comunidade acadêmica, a missão de investigar a verdade, além de contribuir para a defesa e desenvolvimento da dignidade humana, salvaguardando a herança cultural das comunidades onde a universidade ensina e atua das mais diversas formas. Enquanto católica, um dado peculiar passa a lhe ser inerente: a busca de uma interação entre vertentes que são considerados no meio acadêmico como antitéticas: fé e razão; ética e avanço tecnológico; teologia e ciência, etc. Assim, tal interação conduz a um amor maior pela busca da Verdade que dá pleno significado à existência humana.
Por fim, não se pode deixar de mencionar um aspecto que se torna particularmente significativo quando o assunto é identidade da Universidade Católica. Tal aspecto diz respeito à relação essencial que esta mantém com a Igreja, que não somente lhe confere o título institucional, mas também, e principalmente, garante à Universidade o compromisso de manter uma fidelidade à mensagem cristã. Conseqüentemente, a Universidade Católica deve aderir á autoridade magisterial da Igreja, inclusive no que diz respeito aos aspectos da fé e da moral. Portanto, a união entre Igreja e Comunidade acadêmica católica favorece a proclamação do sentido da verdade, da liberdade, da justiça e da dignidade do homem em uma sociedade que anseia pela resposta que há mais de dois mil anos foi desejada por Pilatos quando interrogou Jesus:
“O que é a Verdade?" (Jo 18, 38).

A missão de serviço da universidade católica


Na ocasião do décimo segundo ano de pontificado de João Paulo II, ele apresentou à Igreja uma constituição apostólica, intitulada Universidades Católicas, com o objetivo de, baseado no ensinamento do Concílio Vaticano II e nas diretrizes do Código de Direito Canônico, apresentar uma ajuda às universidades católicas e aos outros institutos de estudos superiores para que estes consigam desempenharem sua missão no novo milênio. É justamente este aspecto da missão da universidade católica, bem enfatizada na primeira parte do documento citado a cima, que nos propomos a discorrer no momento.
Como qualquer outra universidade, a universidade católica possui a “missão fundamental da procura contínua da verdade, a conservação e a comunicação do saber para o bem da sociedade” (UC, 30)*. Porém, sendo católica, a universidade possui uma missão particular que a une mais intrinsecamente à Igreja da qual ela está ligada. Esta missão se ramifica em três vertentes: a primeira diz respeito à missão que a universidade possui junto à comunidade eclesial católica, visto que, além de outros contributos, graças aos resultados das investigações científicas apresentados pela comunidade acadêmica católica, a Igreja pode responder, de forma mais contundente, aos questionamentos atuais da sociedade; a segunda ramificação da missão da universidade católica aponta para o fato de que, inserida na sociedade humana, a universidade é interpelada a ser ferramenta do progresso cultural para os indivíduos e para toda a sociedade. Neste sentido, e para além dele, a universidade deve denunciar os males que afetam a população, apresentando as verdades que incomodam os maus dirigentes públicos. A última ramificação da missão da universidade, não por ordem de importância, que denota a sua missão específica enquanto universidade ligada á Igreja Católica, refere-se ao exame, do ponto de vista cristão, dos valores e das normas dominantes na sociedade, comunicando “aqueles princípios éticos e religiosos, que dão pleno significado à vida humana”, tornando-se, assim, proclamadora do Reino de Deus tão bem defendido e anunciado por Aquele que é o centro da nossa fé.

* Adotamos a sigla UC para indicar o título da constituição apostólica Universidades Católicas, que tomamos como base fundamental para a redação deste pequeno texto.